g1 transmitiu ao vivo entrevista da jornalista Natuza Nery com o ministro da Fazenda, na semana em que o podcast completa 1000 episódios. Natuza Nery entrevista Fernando Haddad
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O ministro Fazenda, Fernando Haddad, participou nesta segunda-feira (10) do podcast O Assunto, do g1, conduzido pela jornalista Natuza Nery.
Na conversa, que ultrapassou uma hora de duração, Haddad falou sobre a sua relação, como ministro, com agentes do mercado financeiro, integrantes do PT, Congresso e Judiciário.
Também avaliou que a questão socioambiental será a “grande marca” do governo Lula 3, que, para o ministro da Fazenda, começou um “pouco atabalhoado”.
O g1 reúne nesta reportagem as principais declarações dadas por Haddad, na entrevista ao podcast O Assunto, que terminou com o ministro tocando “Blackbird”, dos Beatles, ao violão.
‘Tô me sentindo menos na frigideira do que há 3 meses’
‘Questão socioambiental vai ser a grande marca do governo’
‘É a volta da política com P maiúsculo’
‘Sim, é possível zerar [o déficit público em 2024]’
‘Me dou muito bem com o presidente do Banco Central’
‘Tô me sentindo menos na frigideira do que há 3 meses’
Questionado sobre sua relação com agentes do mercado financeiro e com integrantes do PT, que já fizeram críticas sob diferentes perspectivas à condução da economia por Haddad, o ministro da Fazenda avaliou que diminuiu, ao longo dos últimos meses, “o fogo amigo” assim como o “fogo inimigo”.
Haddad minimizou, por exemplo, as críticas que recebeu de integrantes do PT. Haddad afirmou que a sigla está cheia de gente “de opinião” e que “pensa diferente”.
“O [fogo] amigo e o [fogo] inimigo [diminuíram]. O fogo diminuiu. Eu tô me sentindo menos na frigideira do que eu estava três meses atrás”, afirmou.
“Tinha muita gente na chamada Faria Lima que falava ‘o Haddad não dá pra ser ministro da Economia’. Ou não acompanhou o meu trabalho na prefeitura, ou no ministério da Economia ou não eu o que eu escrevi na vida toda”, completou o ministro.
Fernando Haddad acrescentou que está há 23 anos na política, e que não se deixa impressionar com elogios e críticas em demasia.
Haddad: ‘Estou me sentindo menos na frigideira do que eu estava 3 meses atrás’
‘Questão socioambiental vai ser a grande marca do governo’
A temática meio ambiente foi uma das abordadas por Haddad na entrevista. Ele disse que, na última sexta-feira (7), teve uma longa reunião com o presidente Lula sobre o que o ministro está chamando de Plano de Transição Ecológica, que engloba investimentos em fontes renováveis de energia, como eólica e solar, combate ao desmatamento e uma cadeia de produção sustentável e com respeito à natureza.
Em um dos momentos, o ministro disse acreditar que a “questão socioambiental” será a “grande marca do governo” Lula 3.
“Nos bastidores aqui do Ministério da Fazenda, tinha uma estrutura que estava trabalhando em silêncio para mapear todas as oportunidades que o Brasil tem como vantagens competitivas em relação ao mundo”, contou.
“Para modernizar a nossa infraestrutura produtiva. Então, isso vale para a infraestrutura, para a geração de energia limpa, para a atração de investimentos estrangeiros que querem produzir produtos verdes e transformar isso numa marca do Brasil”, prosseguiu Haddad.
‘Eu penso que a questão socioambiental vai ser a grande marca do governo’, diz Haddad
‘É a volta da política com P maiúsculo’
Haddad também foi questionado sobre a relação do Executivo com o Legislativo, com o Judiciário e com o Banco Central. Ele afirmou que diferentes atores têm contribuído com o governo, que, na avaliação de Haddad, resgata a “política com P maiúsculo”.
“Me dou muito bem com o presidente do BC, não tenho nenhum problema com ele, muito pelo contrário. Mas eu acho, sinceramente, que isso é a volta da política com P maiúsculo, para produzir os melhores resultados. Quando ela não produz os melhores resultados, ela está sendo mal feita”, disse.
Haddad diz que relação com Arthur Lira é ‘a volta da política com P maiúsculo’
‘Sim, é possível zerar [o déficit público em 2024]’
Haddad foi questionado por Natuza Nery sobre a meta ambiciosa de zerar o déficit público em 2024, anunciada na campanha. O rombo previsto nas contas públicas para 2023 é superior a R$ 100 bilhões, e o governo pretende equalizar isso já nas contas do ano que vem.
Confrontado com a informação de que interlocutores do governo consideram essa meta difícil de ser cumprida, Haddad reafirmou que acredita no déficit zero para 2024.
“A minha crença é de que sim, é possível zerar. O que nós vamos fazer? Vamos mandar a peça orçamentária e um conjunto de leis disciplinando algumas vitórias que nós tivemos nos tribunais, e outras que nunca foram disciplinadas”, disse.
“Vamos mandar o orçamento com leis de ajuste fiscal, sobretudo corte de gasto tributário. Se o Congresso continuar nos ajudando, como está, se o Judiciário continuar nos ajudando, como está, sendo céleres. […] Se nós continuarmos nesse caminho, a gente zera”, prosseguiu.
‘Me dou muito bem com o presidente do Banco Central’
Ao longo da entrevista, Haddad citou diversas vezes o papel do Banco Central na melhora da economia. O governo vive um embate desde janeiro com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em torno da taxa de juros.
De um lado, o Executivo cobra a redução da taxa para estimular o crédito e a economia. Do outro, o Banco Central mantém a Selic em 13,75%, maior patamar em sete anos, para conter a inflação. Haddad afirmou ao O Assunto que, apesar disso, não tem problemas pessoais com Campos Neto.
“Me dou muito bem com o presidente do Banco Central. Já falei e repito, não tenho nenhum problema pessoal. Muito pelo contrário, a gente tem uma relação, eu diria, até muito civilizada para as tensões que estão estabelecidas”, declarou.
Em outro momento da entrevista, sobre o mesmo assunto, disse que não torce “pela queda ou pelo aumento” dos juros, mas leva argumentos ao Banco Central e considera que, neste momentos, os indicadores apontam para a redução da Selic.
“Eu não tenho problema pessoal com ninguém, nem posso ter, porque eu tenho tarefas a cumprir, institucionais. Eu trato todo mundo com muita consideração, e sempre levo argumentos”, disse.
“[…] Eu tento ponderar que, talvez pelos indicadores que eu tenho à disposição sobre atividade econômica, arrecadação de impostos, mercado de capitais, emissão de debêntures, IPO [entrada de empresas na Bolsa de Valores], tudo o que se conhece, eu vejo um sinal preocupante nesse sentido [da manutenção dos juros em 13,75%”, prosseguiu.
Veja as principais frases de Haddad na entrevista ao podcast O Assunto
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