Ministro afirmou que a continuidade da aprovação das medidas no Congresso abre espaço para reduções ainda maiores da taxa básica e minimizou reação dos mercados após decisão do Copom. Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante debate no Senado
TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (4) que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) tomou a decisão correta ao cortar a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual (p.p.).
“Eu sempre manifestei mais do que o desejo [de uma redução de 0,50 p.p. na Selic]. Eu expressei que as condições técnicas estavam dadas para o corte de 0,50 p.p. […]. Eu estava convencido de que pela atividade econômica, pela queda da arrecadação e por tudo o que eu estava ouvindo de empresários […], que havia espaço para corte”, disse o ministro em entrevista a jornalistas.
A decisão, que levou a Selic para 13,25% ao ano, veio na última quarta-feira (2). No comunicado divulgado logo após a decisão, o colegiado indicou que a melhora do quadro inflacionário do país permitiu que o BC desse início ao ciclo de corte de juros, prevendo novas reduções à frente.
Haddad ainda declarou que “troca impressões” com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e que não esperava que ele precisaria dar o “voto de minerva” na decisão de redução da taxa básica.
O ministro também disse que o BC deixou claro no comunicado divulgado após a decisão que novas reduções na mesma magnitude, de 0,50 p.p., deveriam acontecer à frente, mas reiterou que caso o governo continue a aprovar medidas no Congresso Nacional, o cenário pode melhorar e até abrir espaço para cortes ainda maiores.
“Tem espaço [para novos cortes] e eles precisam vir. […] A economia está desacelerando […], e precisamos harmonizar [as políticas fiscal e monetária]. Baixar a inflação sem sacrificar a sociedade, sem sacrificar emprego e crescimento”, disse Haddad.
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Segundo o ministro da Fazenda, a reação dos mercados após a decisão do Copom — quando o dólar subiu quase 2% — refletiu uma turbulência do mercado de títulos dos Estados Unidos, que impactou vários países pelo mundo.
“Não precisamos importar a instabilidade da economia internacional para cá. […] Não queremos atrair a volatilidade do juro e dos preços internacionais”, afirmou.
Ele ainda reforçou que tem conversado diariamente com o presidente da Petrobras, mas ponderou que o governo não tem ingerência política sobre a política de preços da companhia.
Nesta sexta-feira (4), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a Petrobras está “no limite do preço marginal” e que a petroleira deve reajustar os preços dos combustíveis no país em caso de oscilação para cima no mercado externo. As declarações foram em entrevista ao “Em Ponto”, da GloboNews.
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Precatórios
Outro pronto abordado pelo ministro da Fazenda nesta sexta-feira (4) foi o valor dos precatórios que, segundo Haddad, devem cair para cerca de R$ 7 bilhões.
“Acabei de receber do Tesouro o dado de fechamento dos precatórios. […] A boa notícia é que as decisões transitadas em julgado tiveram um volume muito menor do que o esperado. Esperava-se algo em torno de R$ 20 bilhões ou R$ 30 bilhões de estoques acumulados até 2027 e nossa estimativa é que isso deve cair para algo em torno de R$ 7 bilhões”, disse o ministro a jornalistas.
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