Estratégia de Bolsonaro é dizer que não sabia de nada, apesar de Cid ter sido auxiliar direto


Em depoimento à PF, ex-presidente nega saber de qualquer ação envolvendo carteira de vacinação e parece deixar toda a culpa com ex-ajudante de ordens. Ana Flor: “Estratégia de Bolsonaro é deixar toda a culpa com Cid ”
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que desconhecer informações sobre a inserção de dados de vacinação dele e da sua filha no ConecteSus.
Um presidente da República não precisa saber de tudo que acontece no governo, mas a estratégia de defesa de Bolsonaro é tentar convencer a todos, especialmente investigadores, de que ele não sabia de nada.
Convencer de que não sabia o que o seu principal auxiliar, o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, fazia dentro do Palácio do Planalto. Aquele auxiliar que carregava a pasta, o celular e tirava fotos do ex-presidente nos eventos.
Veja ponto a ponto o depoimento de Bolsonaro à PF
É de amplo conhecimento de que o ajudante é militar e, como um militar, preza pela hierarquia. A versão de Bolsonaro, no entanto, faz entender que Mauro Cid fez uma série de coisas da cabeça dele, como acessar o cartão de vacinação da filha do presidente. E por qual razão ele faria isso?
Como Cid vira um resolve tudo, sem Bolsonaro saber? Quanto tempo Cid gastava sem o menor conhecimento de Jair Bolsonaro?
Nesse depoimento, pelas perguntas feitas, deu para perceber que há muito mais coisa que a Polícia Federal sabe, talvez no celular de Cid e Bolsonaro, que vão sendo deixadas e devem ser cruzadas em algum momento.
Alguns fato desmontam essa tese de que Bolsonaro não sabia de nada, como quando ex-major Ailton Barros manda uma mensagem para Cid com um print de uma mensagem para o próprio Bolsonaro.
É muito sério o que aconteceu e a estratégia de Bolsonaro é deixar toda a culpa com Mauro Cid, por mais que ele tente ser respeitoso com seu ex-ajudante de ordens,  o peso cai todo sobre Cid.
O que Bolsonaro disse à PF:
Que não determinou a inserção de dados falsos da vacinação contra a Covid no ConecteSUS;
Não sabia que dados falsos com seu nome foram inseridos no sistema;
Não sabia do esquema que inseria dado falsos;
Não tinha motivos para fazer isso;
Sobre a filha, disse que ela entrou nos Estados Unidos se declarando como não vacinada e que tinha laudo médico que permitia a ela não tomar vacina;

Este é o terceiro depoimento de Jair Bolsonaro à Polícia Federal desde março, quando o ex-presidente retornou dos Estados Unidos, para onde viajou em dezembro de 2022.
Ele chegou à sede da PF em Brasília por volta das 13h30. Ele estava acompanhado do seu advogado criminalista, Paulo Cunha Bueno.
Comboio de Bolsonaro deixa sede da PF após depoimento do ex-presidente nesta terça-feira (16).
Reprodução
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Veja a cronologia do caso, segundo as investigações
Investigação
No dia 3 de maio, a PF fez buscas na casa do ex-presidente, em Brasília, na tentativa de encontrar provas de envolvimento dele no esquema. O celular dele foi apreendido.
Naquele dia, após as buscas, Bolsonaro falou à imprensa e reafirmou que não se vacinou contra a Covid e disse que não houve adulteração nos dados do cartão dele e da filha, Laura.
Entretanto, o ex-presidente se negou a depor à Polícia Federal no dia da operação sob a justificativa de que sua defesa precisava, antes, ter acesso à investigação. Por isso, foi ouvido apenas nesta terça.
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de uma operação da PF no dia 3 de maio
Adriano Machado/Reuters
Seis presos
Durante a operação do dia 3 de maio, a PF prendeu seis pessoas, entre elas o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro durante o mandato dele como presidente da República.
Segundo as investigações, Cid fazia parte do grupo ligado a Bolsonaro que inseriu informações falsas no ConecteSUS para obter vantagens ilícitas e emitir certificados de vacinação contra a Covid-19.
Além de Bolsonaro e da filha, foram emitidos certificados de vacinação com dados falsos em nome de Cid, da esposa dele e das três filhas do casal.
De acordo com a PF, os dados de vacinação do ex-presidente foram incluídos no sistema do Ministério da Saúde em Duque de Caxias, mesma cidade onde Cid teria conseguido o cartão de vacinação da esposa.
Uma enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, confirmou à Polícia Federal (PF) que emprestou a senha para o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, apagar os registros de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Brecha também foi preso durante a operação de 3 de maio. Ainda devem prestar depoimento na investigação o coronel Mauro Cid, na quinta-feira (17), e a esposa dele, na quarta-feira (18).
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