Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) incidiu sobre todas as movimentações bancárias e vigorou no Brasil por 11 anos. Ministério da Previdência Social recebeu a proposta e vai examinar. CNS propõe retomada da CPMF para custear Previdência Social; ministério diz que vai avaliar.
Pedro França/Agência Senado
A Confederação Nacional de Serviços (CNS) apresentou ao Ministério da Previdência Social nesta semana uma proposta sugerindo o retorno da extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para financiar a Previdência Social. O retorno estaria atrelado, pela proposta da confederação, à desoneração dos tributos que incidem sobre a folha de pagamentos.
A informação foi divulgada pelo Ministério da Previdência Social em nota. O tema foi discutido em reunião entre o ministro Carlos Lupi e o presidente da CNS, Luigi Nesse, na terça-feira (16).
“No encontro com o ministro Carlos Lupi, o presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nesse, detalhou o possível impacto da destinação de parte do tributo incidente sobre todas as operações bancárias no custeio do Regime Geral de Previdência Social, que reúne os segurados do INSS”, diz a pasta em nota.
“Os dados relatados serão encaminhados para análise dos técnicos dos MPS e subsidiará estudos complementares, conforme indicado pelo gestor da pasta”, completou.
Se a proposta da CNS avançar, na prática, a arrecadação para a Previdência Social poderá ser até maior. Isso porque a CPMF incide sobre todas as movimentações financeiras do país (entenda mais abaixo).
Questionado pelo g1, o ministro confirmou que examinará a proposta apresentada pela CNS.
Os tributos
A Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) incidiu sobre todas as movimentações bancárias e vigorou no Brasil por 11 anos. Foi criada inicialmente pra ser um tributo provisório, mas foi prorrogada por diversas vezes, sendo extinta em 2007.
Segundo o Senado Federal, de 1997 a 2007, a CPMF arrecadou R$ 223 bilhões, em valores sem atualização pela inflação. Em 2007, último ano de vigência da contribuição, foram recolhidos R$ 37,2 bilhões, segundo balanço divulgado pela Receita Federal.
A desoneração da folha de pagamentos está restrita hoje a 17 setores da economia. Também tem validade somente até o fim do ano.
A equipe econômica do governo pretende discutir o tema da desoneração no segundo semestre do ano, numa segunda etapa da reforma tributária.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, já disse publicamente que o governo não se oporia à uma renovação da desoneração para os 17 setores, caso a reforma não avance.
Rombo no INSS
O Ministério da Previdência Social estima que, até 2060, o rombo (diferença entre receitas e despesas) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que atende aos trabalhadores do setor privado, deve mais que dobrar.
A projeção é baseada no aumento da proporção de idosos no país. À medida que isso acontece, as despesas com o pagamento com os pagamentos do INSS crescem.
De acordo o governo, o rombo previdenciário previsto para esse ano é de R$ 276,9 bilhões, o equivalente a 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB).
A projeção é de que o resultado negativo avançará em 2060 para R$ 3,3 trilhões ou 5,9% do PIB e, em 2100, para R$ 25,22 trilhões – 10,4% do PIB.
Os números constam na proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024, enviada pela área econômica ao Congresso Nacional em abril.
Confederação Nacional de Serviços sugere volta da CPMF para financiar da Previdência; ministério diz que vai examinar proposta
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