Na mira de Haddad, juro do cartão de crédito rotativo soma 430% em março; maior patamar em 6 anos

Informações foram divulgadas nesta quarta-feira (26) pelo Banco Central. A taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo subiu de 417,4% ao ano em fevereiro para 430,5% ao ano em março, informou nesta quarta-feira (26) o Banco Central.
Segundo a instituição, esse é o maior patamar desde março de 2017, quando estava em 490% ao ano, ou seja, em seis anos.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente.
O patamar da taxa rotativa de juros segue proibitivo. Essa é a linha de crédito mais cara do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada.
A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
As concessões de empréstimos por meio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas registraram crescimento em 2022 e bateram recorde.
Críticas de Haddad e posição dos bancos
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que vai negociar com as instituições financeiras uma redução da taxa de juros cobrada nas operações com o cartão de crédito rotativo.
“O desenho [do crédito do cartão rotativo] está prejudicando muito a população de baixa renda. Uma boa parte do que pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados”, declarou o ministro, na ocasião.
Ele informou que a redução do juro do cartão de crédito rotativo está sendo discutida com representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
De acordo com interlocutores do sistema financeiro, as altas taxas cobradas no rotativo do cartão não são um tópico simples de ser resolvido. Eles dizem que o governo e os bancos ainda estão longe de chegar a soluções.
Mas afirmam que alguns caminhos estão no radar, como oferecer taxas mais acessíveis a devedores pontuais, que não são contumazes e que ficam pouco tempo no rotativo.
Os representantes das instituições financeiras argumentam que o fato de os consumidores poderem parcelar sem juros, algo que só existe praticamente no Brasil e que deixa o risco integralmente com o emissor do cartão, contribui para a alta taxa cobrada.
Outras linhas de crédito
Segundo o Banco Central, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas subiu de 44,2% para 44,3% de fevereiro para março.
Esse é o maior patamar desde agosto de 2017, quando a taxa média alcançou 45,6% ao ano. Ou seja, trata-se do maior índice em cerca de cinco anos e meio. A série histórica do BC tem início em março de 2011.
O juro médio, nesse caso, foi calculado com base em recursos livres – ou seja, não inclui os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A taxa média de juros cobrada nas operações com empresas ficou estável em 24,1% ao ano em março.
Já nas operações com pessoas físicas, os juros continuaram em 58,3% ao ano no mês passado – mesmo patamar de fevereiro.
No cheque especial das pessoas físicas, a taxa recuou de 134,2% ao ano, em fevereiro, para 129,1% ao ano em março de 2023.
Crédito bancário
O volume total do crédito bancário no mercado, segundo o Banco Central, subiu 0,7%, para R$ 5,4 trilhões em março. Em fevereiro deste ano, somava R$ 5,31 trilhões.
No mês passado, houve um aumento de 0,6% nos empréstimos para as empresas e de 0,8% nas operações de crédito para as pessoas físicas – para R$ 3,3 trilhões, acrescentou a instituição.
Para as pessoas físicas, o BC informou que destacaram-se os aumentos nas operações de cartão de crédito total (+1,8%), para aquisição de veículos (+0,8%), assim como para de crédito pessoal consignado para trabalhadores do setor público (+0,4%) e para aposentados e pensionistas do INSS (+0,6%).
Segundo o BC, também houve recuo de 1% nas novas concessões de empréstimos no mês passado, período em que somaram R$ 490 bilhões. Em fevereiro, haviam totalizado R$ 495 bilhões.
O cálculo foi feito após ajuste sazonal (uma espécie de “compensação” para comparar períodos diferentes).

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