CPI foi criada pela Câmara após invasão de terras pelo movimento. Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) deu declaração antes de evento com ex-ministros da Agricultura. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira
Divulgação/Câmara dos Deputados
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, contestou nesta quinta-feira (27) a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar invasões organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), afirmando que o grupo vai “alimentar luta política”.
A CPI do MST foi criada nesta quarta (26), após a leitura do requerimento de criação pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Agora, caberá aos líderes partidários indicar os integrantes para que a comissão seja instalada e possa iniciar os trabalhos.
“Vai investigar o quê? Vai investigar ocupações que não existem mais, famílias que já não estão naquelas terras?”, questionou Paulo Teixeira.
“Eu não vejo razão senão alimentar luta política, ideológica e que não serve a ninguém, não move o país e não resulta em algo positivo para o país. Eu acho que o Congresso Nacional tem matérias mais importantes para se debruçar”, completou o ministro.
Paulo Teixeira deu as declarações antes de participar de um evento em Brasília com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e ex-ministros da área.
Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, não há fato determinado que possibilite os trabalhos da CPI. Teixeira afirmou ainda ser necessário reduzir a “tensão no campo” no país.
“Eu acho que a gente não deveria tocar essa CPI. Eu acho que não tem fato determinado tendo em vista que todos já saíram das áreas que foram ocupadas e que agora prossigamos para não termos mais tensão no campo no Brasil”, afirmou.
Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro
Filipe Matoso/g1
Fávaro evita contestar
Ao final do evento dos ex-ministros da Agricultura, o atual titular da pasta, Carlos Fávaro, foi questionado sobre as declarações de Paulo Teixeira.
Fávaro disse que respeita Teixeira, mas que não iria contestar a criação da CPI.
“Existe um regimento no Parlamento e tenho certeza que o presidente Lira, o presidente Pacheco cumprem rigorosamente. Eu não poderia nunca contestar isso, a autonomia. Respeito a posição do colega Paulo Teixeira, meu amigo, mas se o presidente Lira e as comissões entenderam que há fundamentos para instalar, eu serei o último dos brasileiros a contestar”, afirmou.
Indagado se o presidente Lula concorda em fazer uma comparação entre as invasões do MST e os atos golpistas de 8 de janeiro, Carlos Fávaro disse que Lula não aceita transgressões à lei e que “não vai ter diálogo” com invasores.
“É papel do Estado prover àqueles que sonham com um pedaço de terra para produzir ter um pedaço de terra, terras públicas, talvez até sobre terras privadas, desde que forma ordeira, dentro da lei, comprando, adquirindo. Agora, com invasão, nós não vamos avançar. Com invasão, não vai ter diálogo. Com invasão, não vai ter reforma agrária. O movimento já recebeu esta mensagem do governo”, afirmou o ministro.
Invadir terra ‘não é concebível’
Carlos Fávaro disse também que “não é concebível” a invasão de terras produtivas, mas que a CPI do MST não pode se transformar em um “palanque político”.
“É prerrogativa do Congresso e nós não podemos, em hipótese alguma, contestar essa prerrogativa. Agora, o que eu tenho a dizer é que eu gostaria muito é que essa CPI não se transformasse em palanque político. A eleição já passou e nós temos que olhar para o futuro e fortalecer a agropecuária. Concordo plenamente que não é o momento de invadir terra e nunca é o momento de invadir terra produtiva”, declarou Fávaro nesta quinta.
“É papel do Estado ajudar que a reforma agrária aconteça, nós temos essa função, mas dentro da lei. Invasão de terra produtiva não é concebível”, completou o ministro da Agricultura.
Ministro contesta criação da CPI do MST e diz que comissão vai ‘alimentar luta’ e tensão
Bookmark the permalink.