Dados inéditos sobre população quilombola no país foram divulgados nesta quinta-feira (27). População quilombola entrevistada para o Censo do IBGE.
Lícia Rubinstein/IBGE
Embora presente em todas as regiões do Brasil, 76% da população quilombola no país está concentrada em cinco estados. É o que mostram dados inéditos do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (27).
Ao todo, 1,3 milhão de pessoas que se autodeclaram quilombolas, o que corresponde a 0,65% da população total do país. A maioria dos quilombolas está nos seguintes estados:
Bahia – 29,9% da população quilombola (397.059 pessoas)
Maranhão – 20,2% da população quilombola (269.074 pessoas)
Minas Gerais – 10,1% da população quilombola (135.310 pessoas)
Pará – 10,1% da população quilombola (135.033 pessoas)
Pernambuco – 5,9% da população quilombola (78.827 pessoas)
Em apenas dois estados brasileiros não houve autodeclaração de quilombolas: Roraima e Acre.
A região Nordeste concentra quase 70% dos quilombolas, com grande destaque para os estados da Bahia e do Maranhão. Juntos, eles têm 50% dos quilombolas do país.
Primeiro Censo Quilombola
Esta é a primeira vez que o IBGE produz estatísticas oficiais sobre a população quilombola no Censo, por meio da autodeclaração.
Historicamente, os quilombos eram espaços de liberdade e resistência onde viviam comunidades de pessoas escravizadas que fugiram entre os séculos XVI e XIX. Cem anos depois da abolição da escravidão, a Constituição de 1988 criou a nomenclatura “comunidades remanescentes de quilombos” — expressão que foi sendo substituída pelo termo “quilombola” ao longo dos anos.
Uma pessoa que se autodetermina quilombola tem, portanto, laços históricos e ancestrais de resistência com a comunidade e com a terra em que vive.
População quilombola no Brasil: saiba os principais dados do Censo 2022
LEIA MAIS:
Racismo fundiário: negros são maioria no campo, mas têm menos terras do que brancos
Quilombo Cafundó luta pela terra há 150 anos e mantém viva tradição dos ancestrais
Quilombolas usam técnicas centenárias de plantio que incluem observação da lua e roça de coivara