Censo 2022: Junqueirópolis é a única cidade do Oeste Paulista com população quilombola


Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (27), são inéditos. Junqueirópolis (SP) é a única cidade do Oeste Paulista com população quilombola
Arquivo/TV Fronteira
A cidade de Junqueirópolis (SP) é a única do Oeste Paulista que possui quilombolas entre os seus habitantes, conforme informações do Censo 2022 divulgadas nesta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com os dados, há oitos pessoas no município que responderam aos recenseadores do IBGE que se consideram quilombolas, o que representa 0,04% da população total de Junqueirópolis, de 20.448 habitantes.
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Conforme o Decreto n° 4.887/2003 do Governo Federal, quilombolas são grupos étnicos, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão historicamente sofrida.
Dados inéditos
Estes dados são inéditos, já que é a primeira vez que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar pessoas que se autodenominam quilombolas.
Segundo o coordenador regional do IBGE, Alessandro Akira Xavier, por meio de registros administrativos, como cadastros do governo federal, contas de luz, água, dados da pesquisa censitária anterior e consultas a lideranças representativas, foi feito um levantamento para mapear áreas onde, possivelmente, haveria pessoas que se auto denominariam quilombolas.
“Por exemplo: quando o IBGE identificava a palavra quilombola nesses registros, ou quilombo, o IBGE fez um levantamento para mapear áreas onde potencialmente pessoas vão se considerar quilombolas. Para esses lugares onde o IBGE localizou espacialmente, de acordo com esses registros administrativos, foi aberta a questão de pertencimento quilombola”, disse Xavier ao g1.
Para os setores censitários selecionados, durante a entrevista do Censo 2022 e após a pergunta relacionada a cor ou raça, foi feita a pergunta adicional se a pessoa se considera quilombola.
“Depois que a pessoa respondeu a pergunta sobre qual é sua cor ou raça, foi feita essa pergunta adicional se a pessoa se considera quilombola, independente da resposta que ela deu em cor ou raça. A próxima pergunta foi gerada: você se considera quilombola? E essa pergunta só foi gerada para essas unidades espaciais que o IBGE já tinha identificado antes”, afirmou o coordenador regional do IBGE.
Por fim, Xavier reforçou que ter dados sobre os quilombolas faz com que consiga dar voz a essa população, pois, “a partir do momento que existem dados oficiais, você existe oficialmente”.
“Até então, os números que existiam sobre essa população, sobre quem se considerava quilombola, eram números que você não sabia se era verdade. Quando você faz uma operação dessa e que consegue registrar por unidade da federação, nos municípios, as pessoas que se consideram quilombolas, você dá voz e visibilidade a essas pessoas”, finalizou o coordenador regional do IBGE ao g1.
Junqueirópolis (SP) é a única cidade do Oeste Paulista com população quilombola
Cedida
Quem são os quilombolas?
Historicamente, os quilombos eram espaços de liberdade e resistência onde viviam comunidades de pessoas escravizadas fugitivas entre os séculos XVI e XIX. Cem anos depois da abolição da escravidão, a Constituição de 1988 criou a nomenclatura “comunidades remanescentes de quilombos” — expressão que foi sendo substituída pelo termo “quilombola” ao longo dos anos.
Uma pessoa que se autodetermina quilombola tem, portanto, laços históricos e ancestrais de resistência com a comunidade e com a terra em que vive.
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